quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Signo de ar

Fotografia: Ariko Inaoka

Eram ardilosos aqueles olhos
vitrais;
eu nem percebera à primeira vista.
Ninguém perceberia.

Me atraíam por uma força
estranha
que a física não sabe explicar,
mas Caetano sabe.

De repente, parecíamos um conjunto,
uníssono,
invólucro de floreios vertiginosos
que mascaravam nosso verdadeiro ego.

As palavras que saíam da tua boca
de mentiras
ecoavam em minha mente,
dançavam nas fenestras de meu sorriso estúpido.

Meus dentes à mostra
presas de carnívora
obstinada
veneno doce que tinhas prazer em provar

Éramos redoma de vidro
cheia de chama e fumo
que vem e passa;
Bandeira entende.

Mas o vidro era fino,
o fumo perdeu a validade,
a chama virou brasa.
Tudo veio, mas passou.

Me disseram desde cedo:
nunca confie em signo de ar.
Quem dera eu
tivesse escutado.

Tudo o que sobra em mim,
falta em você.
Tudo o que sobra em você,
falta em mim.

Ainda assim, não nos completamos.
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Escrito por Thais Lima, 07/12/15.

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