Não sei de onde vieram todas as
feridas. Sei que conto as cicatrizes como lembrete, mas nada posso dizer daquelas que não estão em mim. Não preciso me desculpar. Chegará um
momento que não haverá retrato, nem ninguém além do disléxico
deus que não me ouve. Só parênteses. Não significo. Não deveria.
Lembranças!
Estas levadas pelos astronautas verdes de
outrora. Astronautas que chamei de extraterrestres quando no mundo deles
adentrei. Agora carregam, em cápsulas, as reminiscências banhadas no nitrogênio
líquido impedindo minhas verdades de fazerem alarde.
Mas elas gritam:
Aquela menina que não lembro o nome
me dava as mãos no intervalo
por um momento pensei ser hétero
criação
Christian ria enquanto me
enganchava na raia
mas me deixava ganhar as
competições de nado
aprendi com ele as primeiras noções
de ser amado
Minha dupla na aula de informática
minha melhor amiga, Thais
o máximo que aprendi daquela aula
foi que você pode escolher sua
família
Aline ainda vive em algum lugar
mas não nos importamos mais
nem sabemos mais
se foram só duas vezes que falhamos
Alberto continua aqui
com aqueles olhos perdidos
que mostram um mundo
no qual ainda me perco
Não sei se eu e Alysson somos algo
mas não esqueço que já fomos
talvez eu nunca seja tão bem
sucedido outra vez
acabamos dia 4 de agosto de 2012
Um dia André será a maior das
minhas delações
mas agora não
por hora finjo ter dito o que
precisava
ainda há tanta cortina até que o
sol entre
Vitor foi a coisa mais estranha que
me aconteceu
e não aconteceu
e agradeço por isso
talvez eu esteja começando a
aprender
E por fim, elas silenciam. Ainda lembram
daquele sapato que nunca mais voltará a caber em meus pés. Só cansaram de
lutar. Minhas memórias são animais enjaulados no meu cérebro. E não há domador
mais vigilante. Mas, às vezes, ele descansa.
Sempre haverá saudade.
[precisas
lembrar...]
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Escrito por Marcos Soares. 02/12/15.
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