“É
preciso estar sempre embriagado.”
Charles
Baudelaire.
Relutes
contra tudo que punge!
Estava escrito no
retábulo onde pus teu rosto. Teu olhar abstêmio, teu modo de ser. Arguiria aos
deuses se não soubesse que o culpado era o maldito-rude-verde-insano de tuas
ações que me vestia de sobriedade. Quem em sã consciência choraria o álcool
ignorado pelos hepatócitos que sentiam o clamor do corpo pela ebriedade
cotidiana? Fizestes-te necessidade. Aderi como células T; indefeso.
Quis-te sóbrio na
sexta.
Amei-te ébrio no
sábado.
Ejaculei-te na
ressaca de domingo.
Persistias em cada vértice
de minha estrutura como aquela poeira inócua que deixei passar. Inspirava-te já
que o antialérgico ajudava a suportar teus efeitos. Teu sorriso inebriava meus
sentidos aguçados. Tua dança, meu falo. Conjuntura favorável de todo teu ser,
um pecado. Você, deslumbramento, vaidade, comodismo, densidade, vaga, tremor,
temor, pretensão, pederastia, pertinácia do querer mais sóbrio. Erro.
Querer-te ébrio não
doeria.
Ejacular-te ressacado
saciaria.
Tê-lo feito sóbrio
mataria.
E daqui, não levanto.
Não quero te encarar. Deixe-me coberto desse verde-saudade. Reminiscências de
nossa dança, entorpecidos, sem nenhum desejo sóbrio sombrio.
___________________________________________
Mereces tudo, talvez não te dê nada.
Escrito por Marcos Soares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário