sexta-feira, 20 de março de 2015

À pertinácia dos quereres mais sóbrios



“É preciso estar sempre embriagado.”
Charles Baudelaire.

Relutes contra tudo que punge!
Estava escrito no retábulo onde pus teu rosto. Teu olhar abstêmio, teu modo de ser. Arguiria aos deuses se não soubesse que o culpado era o maldito-rude-verde-insano de tuas ações que me vestia de sobriedade. Quem em sã consciência choraria o álcool ignorado pelos hepatócitos que sentiam o clamor do corpo pela ebriedade cotidiana? Fizestes-te necessidade. Aderi como células T; indefeso.
Quis-te sóbrio na sexta.
Amei-te ébrio no sábado.
Ejaculei-te na ressaca de domingo.
Persistias em cada vértice de minha estrutura como aquela poeira inócua que deixei passar. Inspirava-te já que o antialérgico ajudava a suportar teus efeitos. Teu sorriso inebriava meus sentidos aguçados. Tua dança, meu falo. Conjuntura favorável de todo teu ser, um pecado. Você, deslumbramento, vaidade, comodismo, densidade, vaga, tremor, temor, pretensão, pederastia, pertinácia do querer mais sóbrio. Erro.
Querer-te ébrio não doeria.
Ejacular-te ressacado saciaria.
Tê-lo feito sóbrio mataria.
E daqui, não levanto. Não quero te encarar. Deixe-me coberto desse verde-saudade. Reminiscências de nossa dança, entorpecidos, sem nenhum desejo sóbrio sombrio.

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Mereces tudo, talvez não te dê nada. 
Escrito por Marcos Soares.

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