Galatea das Esferas, Salvador Dalí. |
Meu corpo é
poeira que o vento levanta
O vento que
balança as folhas
A folha que
só cai na primavera
A flor que
só desabrocha no outono
A chuva que
só cai no verão
O calor que
se só paira no inverno
As estações
que estão fora do calendário
Um calendário
sem datas
Datas fora
de um contexto
Um contexto
poético
Um poema
escrito com lápis desapontado
Um lápis que
escreve um soneto sem métrica
A métrica de
uma música sem rimas
Rimas pobres
Tão pobres
quanto uma tela em branco
Uma tela de
arte abstrata
Tão abstrata
quanto a realidade
Uma
realidade impressa num pano sujo de graxa
O pano no
qual eu limpo o pincel sujo de tinta
A tinta que
lambuza a roupa que visto
A roupa que suja
o lençol que me abriga do frio
O frio que
dói nos ossos osteoporóticos
Mas são
estes ossos que sustentam meu corpo.
Escrito por Thais Lima, em 07 de dezembro de 2014, num leve momento de autoanálise.
Não sou uma beleza em poemas, logo mais este não ter métrica. hahah. Gostei do uso intenso de antíteses/paradoxos, fazendo com que se note o misto dentro do todo que é o eu lírico. Amei o fato do eu lírico não se caracterizar sozinho. Sua vida também é exposta de forma que o adjetiva. Poema extremamente competente. Denso, mas leve. Parabéns, dupla. sz
ResponderExcluirMuuuuuito obrigada. Nem tudo o que eu escrevo tem teor autobiográfico, mas este poema tem. É como 51, uma ideia puxa a outra! hahahah. Não acho que esse poema tenha terminado bem. A última frase não me parece um bom desfecho, mas acho que não poderia ser diferente. Ainda há-se muito a construir.
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