quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Descobertas de Garotinho - Parte I


Parecia um flash.
Garotinho não soube identificar.
Ele não sabia o que estava acontecendo.
Parecia ter fugido de uma realidade
para poder encontrá-la depois.



A noite era belíssima. As estrelas os contemplavam com reciprocidade. Um deles, o Garotinho, estava dentro de casa, olhava para estrelas de lá mesmo, enquanto os demais corriam pelo campo aberto como se todos tivessem direito aquilo. A casa do Garotinho era mais um casebre. Tão minúscula, tão vazia. Só ele morava ali. O medo que o bonito Garotinho tinha era de que não fosse aceito por não conhecer a verdade sobre as coisas. Todos ali se gabavam de algo, eles sempre sabiam de algo. Sendo assim, o pobre menino sentia-se um leigo. Saiu da janela e foi a sua minúscula sala. Pegou um copo de água e bebeu rapidamente, havia ficado cansado de pensar o quanto não sabia. Subiu com um livro totalmente desconhecido e leu... leu... e caiu em um sono profundo.
Acordou com um barulho. Achou que fosse um sonho, talvez fosse mesmo. Garotinho não costumava acordar a noite. A janela tinha ficado aberta e isso o preocupou. Nunca deixara acontecer nada do tipo antes. Olhou para o livro ao lado, ele havia grifado algo, mas quando fora ler, um barulho veio de baixo da sua casa, e o medo invadiu como se tivesse criado abruptamente um sistema de alerta dentro do Garotinho, cujo nesse momento as luzes vermelho-sangue estavam piscando freneticamente. Ele tinha certeza que tinha fechado a porta, a única porta que tinha na casa. E era praticamente impossível que alguém de tamanho normal entrasse por aquela janela. Era demasiadamente pequena. O Garotinho já lera várias histórias e sabia que nessa hora o melhor era correr, mas não tinha como. A porta era lá embaixo. Então pegou o seu edredom velho e furado, jogou-se na cama e cobriu-se por inteiro, vigiando a minúscula escada que dava para seu quarto. Até que alguém começara a fazer barulho nas escadas. Alguém estava subindo! O medo lhe corroía  Ele se estreitou de um modo que quase caiu do outro lado da cama. Até que uma luz interrompeu o quarto, uma luz muito fraca. Depois uma voz suave, doce e quase arrastada falou em sua direção:
 O que faz aí, Garotinho? – perguntou intrigada, era uma mulher.
 O que você faz aqui? – disse perdendo um pouco do medo. – Essa não é a sua casa.
 E como se eu não soubesse disso. – disse a voz rindo. – Eu estou morrendo de fome, o que tem para comer aqui? E que local limpo! Isso não é natural nos humanos.
Ela falara humanos! Isso assustou o Garotinho que saiu das cobertas.
 Humanos? – indagou. – Mas a senhora parece uma humana.
 Estou com a imagem que é preferível nesse momento, você me chamou, então vim. – disse para o menino. – Se eu viesse no meu aspecto normal, nunca caberia nessa casa e você ficaria cego em olhar para mim tão de perto, caro Garotinho.
  Então... – ele parou ainda na cama olhando para aquela mulher de cabelos prateados e pele alva, era muito bonita. – O que a senhora é?
 Sou quem você chamou, menino. Sou uma estrela. – disse a mulher rindo. – Meu nome é Dádiva.

***

Escrito por Marcos Soares.
Feito a partir de um pedido: "Cria uma história com uma verdade, uma mentira, e uma verdade com ironia". 

2 comentários:

  1. Amei a primeira parte...
    "Que local limpo!Isso não é natural dos humanos."
    Amei mesmo, parabéns. *_*

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