Parecia um flash.
Garotinho não soube identificar.
Ele não sabia o que estava acontecendo.
Parecia ter fugido de
uma realidade
para poder encontrá-la depois.
A noite era belíssima. As estrelas os
contemplavam com reciprocidade. Um deles, o Garotinho, estava dentro de casa,
olhava para estrelas de lá mesmo, enquanto os demais corriam pelo campo aberto
como se todos tivessem direito aquilo. A casa do Garotinho era mais um casebre.
Tão minúscula, tão vazia. Só ele morava ali. O medo que o bonito Garotinho
tinha era de que não fosse aceito por não conhecer a verdade sobre as coisas.
Todos ali se gabavam de algo, eles sempre sabiam de algo. Sendo assim, o pobre
menino sentia-se um leigo. Saiu da janela e foi a sua minúscula sala. Pegou um
copo de água e bebeu rapidamente, havia ficado cansado de pensar o quanto não
sabia. Subiu com um livro totalmente desconhecido e leu... leu... e caiu em um
sono profundo.
Acordou com um barulho. Achou que fosse
um sonho, talvez fosse mesmo. Garotinho não costumava acordar a noite. A janela
tinha ficado aberta e isso o preocupou. Nunca deixara acontecer nada do tipo
antes. Olhou para o livro ao lado, ele havia grifado algo, mas quando fora ler,
um barulho veio de baixo da sua casa, e o medo invadiu como se tivesse criado
abruptamente um sistema de alerta dentro do Garotinho, cujo nesse momento as
luzes vermelho-sangue estavam piscando freneticamente. Ele tinha certeza que
tinha fechado a porta, a única porta que tinha na casa. E era praticamente
impossível que alguém de tamanho normal entrasse por aquela janela. Era
demasiadamente pequena. O Garotinho já lera várias histórias e sabia que nessa
hora o melhor era correr, mas não tinha como. A porta era lá embaixo. Então
pegou o seu edredom velho e furado, jogou-se na cama e cobriu-se por inteiro,
vigiando a minúscula escada que dava para seu quarto. Até que alguém começara a
fazer barulho nas escadas. Alguém estava subindo! O medo lhe corroía
Ele se estreitou de um modo que quase caiu do outro lado da cama. Até que uma
luz interrompeu o quarto, uma luz muito fraca. Depois uma voz suave, doce e quase arrastada
falou em sua direção:
– O que faz
aí, Garotinho? – perguntou intrigada, era uma mulher.
– O que você
faz aqui? – disse perdendo um pouco do medo. – Essa não é a sua casa.
– E como se
eu não soubesse disso. – disse a voz rindo. – Eu estou morrendo de fome, o que
tem para comer aqui? E que local limpo! Isso não é natural nos humanos.
Ela falara humanos! Isso assustou o Garotinho que saiu das
cobertas.
– Humanos? –
indagou. – Mas a senhora parece uma humana.
– Estou com a
imagem que é preferível nesse momento, você me chamou, então vim. – disse para
o menino. – Se eu viesse no meu aspecto normal, nunca caberia nessa casa e você
ficaria cego em olhar para mim tão de perto, caro Garotinho.
– Então... –
ele parou ainda na cama olhando para aquela mulher de cabelos prateados e pele
alva, era muito bonita. – O que a senhora é?
– Sou quem
você chamou, menino. Sou uma estrela. – disse a mulher rindo. – Meu nome é
Dádiva.
***
Feito a partir de um pedido: "Cria uma história com uma verdade, uma mentira, e uma verdade com ironia".
Amei a primeira parte...
ResponderExcluir"Que local limpo!Isso não é natural dos humanos."
Amei mesmo, parabéns. *_*
Curioso para ver a continuação.
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